Sempre fui muito impaciente, com um sentido de urgência em tudo. E sem perceber como isso afetava todos a minha volta, estava sempre me deparando com os “colapsos” nas minhas relações. “Quem sabe faz a hora e não espera acontecer”, e nesse embalo de fazer acontecer, acabava tendo muitos problemas com as minhas parcerias, com chefes, professores, colaboradores e amigos.
Essa impaciência sempre me levava a dois prováveis resultados: Ou eu desistia do que estava fazendo, perdendo o interesse por que achava que estava demorando ou começava logo a fazer outra coisa sem terminar a primeira. Acabava sempre em situações confusas e problemáticas que demandavam ainda mais tempo e energia para resolver. Não estava interessada em perceber o que estava acontecendo com as pessoas e o ambiente à minha volta, só me preocupava com os meus objetivos.
Por mais que eu soubesse que nada está parado e que tudo está acontecendo o tempo todo, essa sensação de estar na ‘espera’ ainda me incomodava. É como se estivesse no limbo, nem quente, nem frio. Nem tudo, nem nada. Apenas aguardando... como quem espera o bolo assar; como quem espera a hora do parto chegar; como quem espera autorização para decolar...
E eu, nessa mania de sempre estar acontecendo, fui revirar no meu baú de relíquias com a intensão de “fazer” uma limpeza.
Achei num folheto com instruções de parapente, o mapa do Pico do Gavião na cidade de Andradas (MG). Nele tinha uma frase escrita pelo meu instrutor de vôo:
“Saber esperar; Observar a condição; Aguardar o momento mais favorável. Evitará que você machuque a si e aos outros. Observa... e quando as condições forem favoráveis, você decola”.
Aos poucos as minhas lembranças daqueles dois dias de expectativas no Pico do Gavião, foram me fazendo perceber a profundidade daquelas palavras que na época, significaram apenas uma instrução prática para a segurança do voo.
Eu quase desisti acreditando que minha decolagem estava sabotada pelos caprichos da natureza. Não conseguia ver nada além da minha frustração, depois de quase oito horas esperando o vento, o movimento das nuvens, checar várias vezes meu macacão, cordas, fivelas e casulo, e nada da bolha de ar quente (a tal térmica). Nada de voo. E muito da paciência e sabedoria do meu instrutor.
A vista dali do alto, o sol, o tapete de nuvens se formando, as pessoas e seus casos interessantes. Ricos aprendizados estavam ali, independente do meu voo, da minha vontade ou do meu objetivo. Independente da minha vontade. Eu só precisava estar ali, disponível e não me privar de perceber quantas coisas maravilhosas estavam acontecendo ali naquele momento.
Enfim, as condições ideais para o voo de 8 km aconteceu no dia seguinte as 16 horas da tarde. No limite do tempo do sol, que naquele momento, era o menos importante. Pois eu estava pronta para a experiência da minha alma. Aquela sensação me ensinou que nada acontece ao acaso e que na hora certa o universo conspira e nos presenteia com aquilo que desejamos. Só é necessário estarmos preparados e observar.
De tempos em tempos a vida nos coloca num ‘estado de espera’. Um tempo para avaliações, revisões, conexões e limpezas. Um tempo necessário para que possamos criar espaços internos e externos para o futuro, para o que a gente sabe que virá, mas que ainda não tem forma. E neste estado de espera, avalie seus aprendizados, revise suas experiências, faça as conexões dos Eus e limpe suas histórias. Contemple o agora. Observe e aguarde a condição ficar favorável para decolar novamente.
beijodagopi
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