sábado, 16 de outubro de 2010

VOCÊ É UMA LATA DE LIXO?

Conheci recentemente, numa destas sincronicidades do universo, que nos fazem vivenciar e aprender aquilo que ensinamos, uma bela moça com seus aproximados 33 ou 34 anos. A maquiagem delicada e a roupa elegante que usava, demonstravam que ela era uma pessoa refinada e de bom gosto. Entretanto, não conseguiam disfarçar o peso e o desequilíbrio psíquico e energético que estava vivenciando. Nosso encontro se deu na casa de um amigo em comum. Começamos a conversar quando uma personagem da novela disse que fugia de casamentos por que não podia imaginar alguém acordando ao seu lado com mau hálito. Esse foi o gancho que faltava para que pudéssemos interagir e conversar sobre relacionamentos. Minha nova amiga logo começou a desabafar sobre sua vida amorosa.

- Eu não me importo com os defeitos dos homens – disse ela - Para mim quanto mais problemático for o homem, mais eu me apaixono. Até hoje só me relacionei com pessoas confusas, desequilibradas, dependentes e emocionalmente instáveis e indisponíveis. Já vivi com alcoólatras, drogados, homens violentos e alguns deles eram casados ou não estavam disponíveis para assumir um relacionamento. Meu último namorado está cumprindo pena por homicídio. Não que ele seja culpado, coitado. Ele matou o pai por legitima defesa.

Aquela historia, contada tão naturalmente por aquela moça, com todos os pré-requisitos básicos para ser uma mulher amada e feliz por um homem inteligente, saudável e disponível, me incomodou .

Fiquei pensando sobre os motivos que levam as pessoas (na maioria das vezes mulheres) a buscar relacionamentos difíceis, por mais inteligentes, bonitas, descoladas e bem resolvidas que sejam.

Minhas percepções foram inspiradas pela minha amiga, mas sempre partem das minhas próprias experiências afetivas e emocionais. E como de costume, fui abrir minhas gavetas internas e vasculhar a variedade de “souvenirs” inúteis, acumulados durante anos, como se fossem grandes tesouros. Guardados tão secretamente que nem eu sabia que ainda estavam lá. Por um momento, olhei para o meu baú de lembranças e visualizei uma grande lata de lixo guardando coisas sem nenhuma utilidade. Resíduos de histórias que deveriam ter sido jogadas fora há muito tempo atrás, ou, para ser ecologicamente correta, recicladas. Um monte de “souvenirs” que eu não conseguia identificar da onde eram ou de quem eu havia recebido. Mas que de qualquer forma não servem para nada, eram um monte lixo acumulado sobre as boas lembranças que eu queria guardar.

E no meio destas tranqueiras acumuladas, uma ficha caiu perfeitamente dentro daquilo que eu estava investigando... Mecanismos de defesa, registros, crenças e toda uma parafernália psíquica construídas com maestria pelo inconsciente fazem com que nos transformemos em grandes latas de lixo.

A primeira coisa que me ocorreu, é que somos entulhados com um conjunto de crenças de menos valia, somos levados a acreditar que não somos bons em nada e sem valor algum e daí surge o medo de que alguém nos conheça intimamente e acabe por desmascarar nossos disfarses de perfeição e glamour.

Por nos sentirmos sujos, podres e inúteis, despertamos em nos mesmos a insegurança e o medo de uma convivência intima, profunda e verdadeira. Daí a sensação de ser um lixo aumenta ainda mais e vamos sabotando toda e qualquer possibilidade de vínculos afetivos duradouros.

Observei que fora do contexto social e profissional, na maioria das vezes nos relacionamos com a gente mesmo de maneira hedonista, negligente e displicente, pois acreditamos sinceramente que só merecemos o lixo. Somos cruéis em nossa auto critica, nos negamos todo o amor, compaixão e benevolência com que tratamos nossos parceiros (a maioria pessoas egoístas). E em troca recebemos aquilo que nos achamos merecedores, pois intimamente sentimos vergonha daquilo que acreditamos ser.

As crenças de que nossos defeitos são maiores do que nossas virtudes, de que nossas falhas são imperdoáveis e de que não temos qualidades pessoais e nem somos dignos de respeito e honra, podem ter se formado na nossa infância ou podem ter sido herdados geneticamente.

Enfim, as origens destes “souvenirs” podem ser as mais diversas e elas estarão sempre escondidas, bem no fundo do baú das nossas histórias, disfarçadas pela formação religiosa, educação, modéstia, humildade, complexo de mártir ou mesmo vestidas com a fantasia dos heróis e heroínas da nossa infância. Elas entopem nossos canais de percepção e as vias de acesso ao nosso sucesso e plenitude, sabotando nosso direito a uma vida plena e feliz.

É impossível saborear a doçura quando só estamos acostumados com o sabor amargo. Leva algum tempo até o paladar reconhecer e aceitar o prazer do doce. Minha esperança é que todos possamos nos livrar desse lixo psíquico. Deixando de ser Latas de lixo, para serrmos belíssimas Taças, preenchidas com o mais puro néctar do amor Divino.

Beijodagopi

4 comentários:

  1. Parabéns, Gopi!
    Muito libertador seu texto!
    Obrigada por estar presente no meu blog também.
    Muita paz e Luz!

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  2. Querida

    è uma alegria poder compartilhar idéias e medicinas com pessoas iluminadas como você...
    Para mim é uma honra compartilhar do seu "Espaço Sagrado"
    beijodagopi

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  3. Muito obrigado por visitar meu blog.
    Que bom que você gostou.
    O seu blog é muito bacana.
    Parabéns.
    Abraço.

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  4. Bacana Igor... voltarei mais vezes... fique à vontade aqui. Que as luzes de Vênus iluminem o seu caminhar... beijodagopi

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